21 de set. de 2015

Com aulas na cadeia, detentos vão disputar direito e medicina no Enem

A disputa de vagas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já não é acirrada somente pelo número de estudantes oriundos de escolas do ensino médio. Um outro grupo também figura como candidato a ocupar cursos de direito e medicina, por exemplo. Dentro das cadeias do país, detentos abraçam a ideia de começar um capítulo novo na vida. No Amazonas, o projeto Bambu abriga presos que se preparam para o exame.
Foi na biblioteca do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), localizado no Km 4 da BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, onde 20 presos revelaram ao G1 as expectativas para "virar a página" de suas histórias. No local, além de absorver conhecimentos gerais, o estudo para o exame também ajuda a reduzir a pena.
Francivaldo Lima sonha em ser médico (Foto: Sérgio Rodrigues / G1 AM)
Francivaldo Lima sonha em ser médico
(Foto: Sérgio Rodrigues / G1 AM)
Uma das histórias de quem garante perseguir um novo ideal é a de Francivaldo Lima. Em 2012, ele acabou condenado pelo crime de latrocínio. Atualmente com 30 anos, falou ao G1sobre a motivação particular para mudar os rumos da vida dentro do lugar em que cumpre pena. Segundo ele, a oportunidade de se redimir dos crimes por meio da educação é "ímpar".
"Lá fora, eu não tinha tempo para a educação, tinha responsabilidades com a filha e com a esposa. As coisas foram dando errado  e eu quis fugir para as drogas, acabei entrando no mundo do crime. Hoje, eu creio que quando a vida fecha uma porta, outra se abre".
Francivaldo diz que quer salvar vidas e ajudar doentes. O pensamento embala o sonho de um dia se tornar médico. As horas vagas na cadeia já não são ocupadas apenas com atividades recreativas com os demais presos. É nesse momento que ele também aproveita para revisar o que aprendeu durante as aulas.
"Eu também trabalho na biblioteca e isso me dá a oportunidade de ter mais um tempo para ler. Na cela, eu falo com os meus colegas sobre as questões que não entendi e vamos nos ajudando a estudar. Desde pequeno, sonho em ser médico e creio que agora nada mais me atrapalha", destacou.
'Não quero mais o crime'

Outros detentos participantes do projeto almejam cursos baseados na própria história de vida. Há quatro anos e seis meses sendo interno no Compaj, Fabiano da Silva Conceição, 33, pretende cursar direito.

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