A operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, que foi
torturada e teve os olhos perfurados pelo ex-marido, em Goiânia, afirmou
que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, que
continua foragido. “Ouvi de uma delegada que as coisas não são tão
fáceis assim. Não é apenas chegar e falar. Mas foi. Ele me cegou e agora
vou viver o resto da minha vida na escuridão”, lamentou.
No entanto, a adjunta da Delegacia Especializada no Atendimento à
Mulher (Deam), Aline Leal, diz que a mulher procurou ajuda uma vez, no
dia 11 de março deste ano. Na ocasião, a investigação não foi adiante
porque a operadora de caixa, com medo, não teria pedido proteção. “Feito
o registro da ocorrência, a vítima manifesta pela instauração do
inquérito e, no decorrer, ela pode solicitar as medidas protetivas. Aí
enviamos o material ao Judiciário para avaliação. Mas isso não ocorreu”,
explicou.
Após o ataque, um dos olhos da mulher não pôde ser recuperado. Agora,
ela precisa passar por uma cirurgia para tentar assegurar que o outro
olho fique com, ao menos, 25% da visão.
Mara Rúbia foi ferida na última quinta-feira (29), quando chegava em
casa do trabalho para almoçar. Segundo a família, o ex-marido, com quem
havia sido casada por seis anos, já a esperava escondido na residência.
Depois de amarrar e torturar a ex-mulher, o suspeito perfurou os dois
olhos dela com uma faca de mesa. A vítima não soube precisar por quanto
tempo foi agredida, já que perdeu a consciência algumas vezes. “Ele me
jogou em cima da cama e foi me enforcando. Aí pegou um fio de telefone e
amarrou minhas mãos”, disse a mulher.