Médicos cubanos foram ofendidos e tiveram as camas retiradas do dormitório para que não dormissem no mesmo espaço destinado aos médicos brasileiros
Dois médicos cubanos foram vítimas de ofensas morais e discriminação
quando realizavam plantão no Hospital Municipal de Itaboraí. Eles já
residem no Brasil há mais de 15 anos e tem registro expedido pelo
Conselho Regional de Medicina (CRM). Quando dariam início ao plantão, os
estrangeiros tiveram as camas retiradas do dormitório para que não
dormissem no mesmo espaço destinado aos brasileiros. Além disso, na
parede do dormitório foram pichadas frases que exigiam sua saída do
Brasil: “fora médicos gringos”, dizia.
A ação dos médicos no Rio ocorre alguns dias após a primeira
manifestação de preconceito praticada contra os profissionais cubanos em
Fortaleza, no início da semana. Sob vaias e gritos ofensivos, os
profissionais vieram atender ao programa Mais Médicos instituído pelo
governo Federal.
O preconceito e a falta de respeito aumentaram “consideravelmente”,
segundo revelaram médicos de Itaboraí que pediram para não ser
identificados.
Testemunhas que viram o ataque de discriminação em Itaboraí disseram
que tudo teve início a partir de um mal entendido envolvendo o
atendimento a uma criança.
A doutora Candelária é cubana de nascimento, mas casada com um
brasileiro. Seu filho, Islem, também médico e igualmente discriminado,
tem todos os registros para trabalhar no Brasil. Testemunhas afirmam que
os dois saíram chorando da unidade hospitalar onde Candelária trabalha
há 15 anos. Até hoje, afirmaram, jamais haviam sido vítimas de qualquer
tipo de manifestação preconceituosa. Com a saída dos médicos da unidade
municipal de Itaboraí, permaneceu sozinha no plantão a médica também
cubana de nome Emma.
O problema envolvendo a criança, que teria dado início ao conflito,
ainda permanece confuso. Segundo apurado por Conexão, os pais da criança
queriam mantê-la na unidade, embora seu estado de saúde não oferecesse
maiores riscos. A família teria plano de Saúde do Bradesco. O conflito
teria provocado a reação de discriminação. Com a confusão, alguns
funcionários insatisfeitos com a presença dos estrangeiros retiraram as
camas destinadas aos dois cubanos e picharam na parede a mensagem
pedindo que deixem o país.
O diretor do hospital no turno da manhã, que presenciou a cena, pediu
desculpas aos dois médicos ofendidos. Entretanto eles, se dizendo
humilhados, acabaram saindo do hospital.
Outros estrangeiros garantiram que a discriminação contra o trabalho
de profissionais de outros países aumentou consideravelmente nos últimos
dias: “insuportável!”, resumiu uma estrangeira que pediu para não ser
identificada.
Fonte: Pragmatismo Político
Fonte: Pragmatismo Político