O Brasil vai receber até 4.000 médicos cubanos até o final de 2013, 400
deles imediatamente, dentro do programa federal Mais Médicos.
Segundo informou o Ministério da Saúde nesta quarta-feira (21), eles não
poderão escolher as cidades em que vão atuar: os primeiros 400 serão
direcionados para 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum
profissional na primeira etapa do programa, 84% deles no Norte e no
Nordeste do país.
Os que vierem nos próximos meses serão sempre distribuídos em cidades
onde há sobra de vagas. A prioridade no programa continuará sendo dada a
médicos brasileiros; em seguida aos formados no exterior e, por fim,
aos cubanos.
A previsão é que o primeiro grupo de profissionais de Cuba chegue ao
Brasil até a próxima segunda-feira (26) e participe, junto com os demais
médicos já selecionados no programa, de uma avaliação que vai durar
três semanas. Qualquer um desses médicos, sejam brasileiros ou
estrangeiros, pode ser desclassificado se for reprovado nas avaliações,
feitas por universidades públicas.
O programa Mais Médicos foi lançado em julho pela presidente Dilma
Rousseff. Um de seus focos é ampliar a presença de médicos, brasileiros
ou estrangeiros, no interior do país e nas periferias das grandes
cidades.
Este mês, após a constatação de que o primeiro mês de seleção do
programa supriu menos de 15% da demanda por médicos, o ministro
Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que o país faria acordos
internacionais para alavancar as inscrições no programa.
E citou um potencial acordo com Cuba. No início do ano, o governo cubano
ofereceu 6.000 profissionais ao Brasil, oferta que gerou polêmica no
país e foi suspensa pelo governo brasileiro.
O acordo com Cuba é o primeiro a ser fechado pelo ministério. Será
intermediado pela OPAS (braço da Organização Mundial da Saúde para as
Américas), modalidade de acordo nova para os cubanos, que têm parcerias
para o envio de médicos com outros países.
REMUNERAÇÃO
O governo brasileiro afirmou que vai repassar a Cuba, via OPAS, R$ 10
mil mensais por cada médico, mesmo valor pago aos médicos que se
inscreveram individualmente no programa. Além disso, será repassado à
Cuba uma ajuda de custo para instalação do médico no Brasil.
Padilha não soube dizer, no entanto, quanto será pago, de fato, ao
médico cubano. Joaquin Molina, chefe da OPAS no Brasil, disse também não
ter essa informação. O ministro afirmou que o governo brasileiro e a
OPAS vão fiscalizar as condições de trabalho que serão dadas ao
profissional.
As cidades que vão receber os médicos ficarão encarregadas de custear
alimentação e moradia --tanto
para os cubanos, como para os demais
profissionais.
REPERCUSSÃO
A entrada massiva de médicos estrangeiros é rejeitada pelas entidades
médicas, que criticam o fato de o governo brasileiro dispensar os
médicos formados no exterior da revalidação de seus diplomas.
Em nota divulgada logo após o anúncio do acordo com Cuba, o CFM
(Conselho Federal de Medicina) classificou a decisão de "eleitoreira,
irresponsável e desrespeitosa".
"Trata-se de uma medida que nada tem de improvisada, mas que foi
planejada nos bastidores da cortina de fumaça do malfadado programa Mais
Médicos. O anúncio de nesta quarta-feira coloca em evidência a real
intenção do governo de abrir as portas do país para profissionais
formados em Cuba, sem qualquer avaliação de competência e capacidade.
Estratégia semelhante já ocorreu na Venezuela e na Bolívia, com
consequências graves para estes países e suas populações", diz a nota.
BALANÇO DO PROGRAMA
Na primeira rodada de inscrições, o Mais Médicos teve inscrições de
18.450 profissionais, sendo que 1.920 deles atuam no exterior (sejam
brasileiros ou estrangeiros).
Desses somente 1.816 finalizaram o processo de seleção, sendo designados
para 579 cidades --isso cobre somente 11,8% da demanda por 15.460
médicos feita pelos prefeitos e 16,5% das cidades inscritas no programa.
O número, porém, ainda é preliminar. Dos 522 médicos selecionados com
atuação no exterior, pelo menos 63 já foram desclassificados por
problemas com a documentação.
Os médicos formados no exterior selecionados na primeira etapa começam a
chegar ao Brasil nesta sexta-feira (23). Uma segunda rodada de
inscrições já teve início. A proposta é que as seleções sejam mensais.
Fonte: G1