O ex-padastro de Manuella Neves da Câmara Coutinho Bouri, de 22 anos,
sobrinha do dono da Complexo B, Beto Neves, vai prestar depoimento
nesta quarta-feira à polícia. Manuella, o noivo Rafany Pinheiros, 23, e a
avó Linete Louback Neves, 65, foram assassinados nesta terça em São
Gonçalo, na Região Metropolitana.
O ex-marido da mãe de Manuella, que é adovgado,
teria se desentendido com a jovem, que estaria sendo ameaçada. Segundo o
delegado Wellington Vieira, titular da Delegacia de Homicídios (DH) de
Niterói e São Gonçalo, também serão ouvidos vizinhos e parentes das
vítimas.
“Pelas investigações, o autor do
crime bateu na porta, entrou, conversou com as vítimas, ameaçou, levou
todos para um cômodo e os matou”, disse.
Os corpos serão sepultados na tarde desta quarta-feira no Cemitério do Maruí, no Barreto, em Niterói.
Crime bárbaro choca o Rio
O relógio marcava oito da manhã
quando Beto Neves, dono da grife Complexo B, ligou para a casa da mãe,
Linete, em São Gonçalo, a fim de falar com a sobrinha, Manu, de 22 anos,
com quem trabalhava. Três horas mais tarde, resolveu passar por lá,
onde as duas moravam, e as encontrou mortas, junto a Rafany, noivo de
Manu, na cama de um dos quartos.
“Ninguém vai trabalhar hoje, não, é? É
por causa do frio? Que vida mansa vocês têm, hein?”, brincou Beto ao
chegar, ainda na calçada da pacata Travessa da Cruz, no bairro Venda da
Cruz. Sem ouvir resposta, subiu a escada e entrou na casa. Quando viu a
cena, se desesperou. A primeira coisa que veio à cabeça foi pedir ajuda
pelo Facebook: “Acabo de perder mãe e sobrinha. Assassinato. O que
fazer, meu Deus?”, postou Beto na rede social.
Manuella, Rafany e Linete levaram
pelo menos um tiro na cabeça de revólver calibre 38.
Desconcertado, Beto
não sabia o que fazer ou falar. Estava em estado de choque.
“Não sei o que foi, não faço ideia. Não tem
nada de vingança. Somos de família humilde. Deve ter sido roubo. Só
levaram os celulares”, dizia o empresário, atônito.
A irmã de Beto, Rosilene Neves, 44, que perdeu mãe e filha na tragédia, também estava abalada.
Mas tinha outra explicação para a tragédia, que era a mesma dos policiais que viram a cena do crime e estão investigando.
“Só pode ter sido vingança por alguma coisa, mas não sei do quê. Deram tiro em todo mundo e não levaram nada”, disse Rosilene.
São Jorge na porta de casa
São Jorge é a marca registrada da grife
Complexo B, que há 20 anos estampa em suas camisetas a imagem do santo
guerreiro sobre o cavalo branco matando o dragão com sua lança. A imagem
de São Jorge também enfeitava a porta da casa onde viviam Linete e
Manuella, em São Gonçalo. E chamava a atenção de vizinhos e curiosos,
dando um tom ainda mais dramático à tragédia.
“Essa coroa (Linete) era nota 10. Não havia
quem não gostasse dela. A Manu também. Infelizmente, São Jorge não
conseguiu matar esse dragão”, disse uma das vizinhas, aos prantos.