Parceria com bilionário foi anunciada com pompa, em 2010, pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Principal projeto
do governador Sérgio Cabral, as Unidades de Polícia Pacificadoras
sofreram um baque com corte no financiamento. O empresário Eike Batista
suspendeu a verba de R$ 20 milhões, por ano, para a implantação de novas
UPPs. A OGX, empresa do grupo do bilionário, informou a decisão de
cancelar todos os convênios ontem à Secretaria de Segurança Pública do estado.
O dinheiro servia para construção da sede para os policiais militares e
compra de equipamentos, como computadores, viaturas, motos, munição,
armas, uniformes e formação.
O recuo de investimento de Eike, que enfrenta
crise em suas 14 empresas, na área de segurança, pode comprometer o
planejamento das novas unidades. Isso porque o estado terá que licitar a
compra dos equipamentos para as futuras UPPs, como a da Maré, que eram
doados pelo empresário, sem burocracia, a partir de pedidos da
secretaria
.Um processo de licitação, na melhor das hipóteses, demora no mínimo seis meses. A assessoria de imprensa do empresário, já não tão bilionário,
informou que não se pronunciaria sobre o assunto. Em nota oficial, a
Seseg explicou que “se organiza para dar continuidade a todos os projetos
até dezembro de 2013. Já em 2014, todos os custos entrarão no
planejamento orçamentário da secretaria. Os projetos não serão
prejudicados”.
A parceria com Eike foi anunciada com pompa, em
2010, pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Foi tratada
como vital para dar velocidade à implantação das unidades,
principalmente pela dispensa de licitação. A dobradinha com o estado
previa a manutenção dos recursos até o ano que vem, quando o Rio será
uma das sedes da Copa do Mundo.
Agora, a secretaria vai ter que correr contra o tempo para contabilizar a falta da ajuda
financeira. O primeiro passo é fazer o inventário do que vai deixar de
receber este ano do empresário. Enquanto Eike só avisou do corte de
verba ontem à secretaria, dia 6 a OGX enviou e-mail ao Instituto de
Estudos da Religião (Iser) rescindindo o convênio de R$ 1,5 milhão com a
entidade, que cobria o desenvolvimento de cursos de formação para 15
mil praças e oficiais que atuam em áreas das 33 UPPs e servem a
batalhões.
A proposta é elaborar modelo com base no
conceito de ‘Polícia de Proximidade’, com 12 cursos, de 80 a 120 horas, e
produção de material didático. Para acompanhar a execução, foi criado
comitê, formado por integrantes da rede de ensino da PM, de policiais da
Coordenadoria de Polícia Pacificadora e do Iser. Em nota, o instituto
trata o trabalho como de ‘envergadura’.
Cursos à espera de verbas
Em abril, o Iser começou a desenvolver curso de
formação, principalmente para policiais de UPPs. Criou equipe
multidisciplinar e contratou especialistas em segurança. Em três meses,
11 unidades foram acompanhadas, 11 PMs, entrevistados, e montados sete
grupos com 12 oficiais e praças. O material é para o projeto pedagógico,
e início dos cursos, em outubro, que seriam ministrados até dezembro de
2014. O Iser informou que está em diálogo com a secretaria, que se
mobiliza para cobrir o orçamento.
1,5 milhão de beneficiados na cidade
Desde o início da implantação das 33 UPPs, 1,5
milhão de pessoas foram beneficiadas. Em abril, a Polícia Militar,
começou com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) o combate ao
tráfico de drogas para a criação da UPP no conjunto de favelas da Maré.
Porém, ainda não há data certa para a instalação.
O comandante da PM, José Luís Castro Menezes,
já anunciou a necessidade de 1.500 homens. Isso já seria um desafio,
pois o efetivo depende que os policiais sejam formados pela corporação.
Sem a ajuda de Eike, o projeto pode ficar ainda mais longe de sair do
papel.
Fonte: O Dia