Então
militares só cumprem ordens correto? A muito tinha me esquecido desta
máxima (e que militares de todas as esferas conhecem muito bem) de que
ordens absurdas? Vale o escrito! Na madrugada deste domingo 21/04/2013,
23 dos 26 acusados pelo massacre do Carandiru foram condenados cada um, a
156 anos de prisão por terem somente
"cumprido as ordens" (afinal sabemos como os superiores instruem as
tropas em situações como esta) houve sadismo e autonomia dos policiais
que mataram os mais de 100 detentos? Sim claro! Mais e a ordem (e
imagina-se a motivação que o mesmo passou a suas tropas para quando
invadissem o presídio) do coronel Ubiratan Guimarães? Ou procede de que
ele estava hospitalizado no dia da retomada do presídio, e logo então
não poderia ter dado aquela ordem? Ou teria sido esta a tese de defesa
levantada por ele e que culminou em sua absolvição? (e vale lembrar que
ele assumiu sendo suplente, a cadeira de deputado estadual de SP de de
1997 a 1999, e tendo sido eleito como candidato a deputado estadual em
2006 com mais de 55.000 votos, e com isso absolvido por ter alegado que
justamente estava hospitalizado durante a invasão do presídio, e que
logo não poderia ter dado tal ordem) então a ordem foi dada por Luiz
Antonio Fleury Filho correto? Não! Pois Fleury disse que a ordem não
partiu dele, logo então..."ninguém" deu a ordem e os policiais decidiram
invadir o presídio por conta própria! Senhores policiais
entendam...vocês não são a ponta do sistema, como nós, vocês fazem
meramente parte dele! Ordens absurdas? Vale o escrito!
São Paulo -
Um júri popular formado por sete pessoas condenou na madrugada deste
domingo, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste da capital
paulista, 23 policiais militares a 156 anos de prisão cada um pela morte
de 13 detentos no massacre do Carandiru, como ficou conhecido a ação
que terminou com 111 pessoas assassinadas na Casa de Detenção de São
Paulo, em 2 de outubro de 1992.
Foram considerados culpados por homicídio qualificado,
já que não houve chance de defesa das vítimas, os seguintes réus que
participaram da ação no segundo pavimento do Pavilhão 9: Ronaldo Ribeiro
dos Santos (comandante do pelotão da Rota); Aércio Dornellas Santos
(que também atuava como comandante do grupo); Wlandekis Antônio Cândido
Silva; Joel Cantílio Dias; Antonio Luiz Aparecido Marangoni; Pedro Paulo
de Oliveira Marques; Gervásio Pereira dos Santos Filho; Marcos Antônio
de Medeiros; Haroldo Wilson de Mello; Paulo Estevão de Melo; Roberto
Yoshio Yoshicado; Salvador Sarnelli; Fernando Trindade; Antônio Mauro
Scarpa; Argemiro Cândido; Elder Taraboni; Sidnei Serafim dos Anjos;
Marcelo José de Lira; Roberto do Carmo Filho; Zaqueu Teixeira; Osvaldo
Papa; Marcos Ricardo Polinato; e Reinaldo Henrique de Oliveira.
Os condenados, no entanto, podem pedir recurso da decisão em liberdade. Por outro lado, foi absolvido, a pedido da promotoria,
o policial Roberto Alberto da Silva. De acordo com o MP, ele atuou no
terceiro pavimento da Casa de Detenção e deve ser julgado em outra
oportunidade. Além dele, também foram considerados inocentes Eduardo
Espósito e Maurício Marchese Rodrigues que, segundo o promotor,
integravam a tropa do canil e teriam apenas auxiliado a entrada da
equipe da Rota ao segundo pavimento.
No total, foram sete dias de julgamento com depoimentos de
sobreviventes, autoridades e peritos. Mas, este foi apenas o primeiro
júri do caso. Isso porque o processo completo tem 79 réus. A quantidade
elevada fez a promotoria dividir a análise em etapas. As datas dos
próximos júris ainda não foram divulgadas.
O julgamento
O último dia de júri popular foi marcado pelo embate entre as teses da
acusação e da defesa, que tiveram espaço para as suas falas finais, com direito
a réplica e tréplica. A advogada de defesa, Ieda Ribeiro de Souza,
procurou desqualificar o critério de seleção dos réus e o julgamento
coletivo.
"Eu não posso punir um pela conduta do outro. É princípio do direito.
330 PMs entraram. Por que eu estou julgando 79 (policiais)? Como foi
essa escolha? Eu explico. A escolha foi: os que disseram que atiraram,
mataram (para o MP). Em que país sério do mundo, o réu fala 'não atirei'
e acabou?", disse Ieda, ao questionar sobre a exclusão dos outros
oficiais que participaram da invasão ao presídio.
Além disso, ela investiu em desqualificar o laudo apresentado pelo
perito e acusou o então governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury
Filho, de se "omitir" e "vender a corporação". "Sentou aqui o Fleury e
diz que estava em Sorocaba fazendo política. Política!", ironiza em voz
mais alta. "Tenho que colocar para os senhores o contexto político de
1992. O PMDB (partido do então governador) tinha uma baixa a cada dia.
Ele (Fleury) disse aqui: 'Recebi a notícia e fui dormir'. Como foi
dormir?", gritou Ieda antes de responsabilizar o político. "Tem
autoridade, tem que estar lá. É assim que funciona um país sério. É
assim que esses homens (réus) foram vendidos."
Em resposta aos argumentos da defesa, a promotoria usou o caso do
mensalão para justificar a pena coletiva para os acusados. Segundo o
promotor Márcio Friggi, o mesmo discurso em favor da avaliação de
condutas individuais foi usado para defender os políticos envolvidos no
escândalo. "É a mesma coisa que eles disseram, mas foram vencidos pelos
outros oito ministros", disse ao se referir aos ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que
absolveram o então ministro da Casa Civil José Dirceu da acusação de
corrupção ativa, por aceitar a tese que que Dirceu não teria
conhecimento das ações dos outros envolvidos.
Na réplica, os representantes do Ministério Público focou ainda em
destrinchar a história dos presos mortos no massacre em contraposição ao
“currículo de mortes” dos 26 réus. Ele começou a contar, por exemplo,
sobre o caso de um preso morto, que tinha sido detido por assaltar um
cobrador usando uma faca. “Ele dirigiu-se para o cobrador e justificou o
roubo dizendo que precisava comprar o leite das crianças. Ele levou o
equivalente a cinco dólares, hoje. Esse é’ monstro’”, disse, ao
ironizando o tamanho do crime cometido pelo morto.
Depois de listar diversos casos de presos que morreram na invasão, mas
não tinham sido nem condenados pelos crimes que os levaram à cadeia, o
promotor elencou os processos que os policiais envolvidos no julgamento
já responderam. Friggi deu destaque aos processos do réu capitão Ronaldo
Ribeiro dos Santos , que tem cinco mortes no “currículo”. “Ronaldo já
foi processado por atirar contra a perna de um menor de idade que
estudava em escola pública, suspeito de furtar merenda escolar. Isso
prescreveu, não deu em nada”, disse.
O massacre e o coronel
O massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992. Durante
uma rebelião, a Polícia Militar resolveu invadir o local e matou 111
presos. Todos policiais saíram ilesos. A invasão foi comandada pelo
coronel Ubiratan Guimarães, que chegou a ser condenado a 632 anos de
prisão, mas em fevereiro de 2006 o Tribunal de Justiça de São Paulo
reformou a decisão e o absolveu. Ubiratan acabou morto no mesmo ano, em
setembro de 2006, com um tiro na barriga, em seu apartamento nos
Jardins, região nobre de São Paulo.
Depois de ter sua história manchada, a casa de detenção foi desativada
no começo de 2002 e demolida no final do ano. No lugar, foi construído o
Parque da Juventude.O massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro
de 1992. Durante uma rebelião, a Polícia Militar resolveu invadir o
local e matou 111 presos. Todos policiais saíram ilesos.
A invasão foi comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, que chegou a
ser condenado a 632 anos de prisão, mas em fevereiro de 2006 o Tribunal
de Justiça de São Paulo reformou a decisão e absolvel o coronel.
Ubiratan acabou morto no mesmo ano, em setembro de 2006, com um tiro na
barriga, em seu apartamento nos Jardins, região nobre de São Paulo.