6 de mai. de 2013

O torcedor que quer corrigir o erro de um árbitro na Justiça

Torcedor do Galo busca corrigir erro de árbitro na justiça | Foto: Rodrigo Stafford / Agência O Dia


Os 45 minutos do segundo tempo já haviam sido superados no Maracanã quando o meio-campo Tchô pegou o rebote e foi derrubado dentro da área por Alex. Era dia 10 de maio de 2007 e muitos reclamaram do erro de Carlos Henrique Simon que eliminou o Atlético-MG da Copa do Brasil. Mas um torcedor atleticano se sentiu tão lesado que foi a Justiça atrás de seus direitos.

Quase cinco anos depois, Custódio Pereira Neto tenta receber uma indenização por danos morais no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, após não ter sucesso em sua ação na 7ª Vara Cível da Barra da Tijuca e no Tribunal de Justiça do Estado do Rio. Custódio, que como torcedor, e advogado, luta pela profissionalização da arbitragem.

“A intenção é demonstrar que apesar do erro fazer parte do futebol, alguns ocorrem por despreparo do árbitro, fruto de um conjunto de fatores, como neste erro do Simon. São erros anunciado, também decorrentes da não profissionalização dos árbitros, sujeitos às mais diversas pressões, financeiras e psicológicas, tanto que muitos deles exercem atividades paralelas à arbitragem para sobreviverem dignamente. Isto fere o Estatuto do Torcedor (artigo 30) que obriga “que a arbitragem das competições desportivas seja independente, imparcial, isenta de pressões”
Passados cinco anos, Custódio acredita que a pressão botafoguense antes do jogo pode ter influenciado Carlos Henrique Simon.

“O erro do Simon aconteceu três dias após dirigentes do Botafogo pressionarem a CBF e a arbitragem nacional, por terem sido prejudicados na final do Campeonato Carioca daquele ano. Foi aos 46 minutos do segundo tempo, com o Maracanã lotado. Marcada a penalidade e convertida em gol, mudaria o resultado da partida e do torneio, sem que o Botafogo tivesse tempo para se recuperar. Ele estava em cima do lance, mas nada marcou e depois afirmou ter sido “o maior erro da vida dele”.Portanto, o que houve foi despreparo, fruto de quem não soube, ou não quis, aplicar a regra do jogo, quaisquer que sejam os motivos", explica.

Embora acredite em mais uma derrota na Justiça, Custódio já sabe o que fará caso vença a ação.

“Dificilmente o STJ dará uma decisão muito inovadora. Isso porque a nossa sociedade, até mesmo o Poder Judiciário, ainda trata o assunto com cautela, como algo inusitado. Não reconhecem que, sob a alegação de ser o torcedor um mero expectador, ele é explorado comercialmente e acaba financiando um mercado bilionário, recebendo em troca, arbitragens amadores, precárias, quando não fraudulentas, conforme alguns escândalos já provaram. Concedida a indenização, parte dela será direcionada para entidade que ajuda na reabilitação de deficientes físicos, ciente que sou do relevante papel que elas exercem, em razão de recente dificuldade que minha família está enfrentando com o meu irmão, que perdeu a perna em acidente de trânsito”, comentou Custódio.